Texto original de:
http://www.olddogcycles.com/2012/04/muito-ajuda-quem-nao-atrapalha.html
(ou "O maior problema da humanidade é a humanidade")
Hoje, mais uma vez, havia um colega motoqueiro acidentado na Marginal
Pinheiros, umas das principais vias da cidade de São Paulo. Como é de
praxe, rapidamente o local estava cercado com dezenas de outras motos.
Três, das quatro faixas da via, foram bloqueadas por motos estacionadas,
sendo que a última não estava totalmente livre, o que obrigava os
motoristas a passarem muito lentamente por ela, em pleno horário de pico
da cidade. Motoristas chegaram a levar mais de 30 minutos para
percorrer apenas 500 metros.
Se você é um dos motoqueiros que parou para ver esse acidente, travando o
trânsito porque, na sua cabeça, quando um colega está caído você tem o
direito de fazer isso, um lembrete:
A PORR@ DO RESGATE TAMBÉM NÃO CONSEGUIA CHEGAR POR CAUSA DO TRÂNSITO QUE VOCÊS CAUSARAM.
Se sou eu caído, a última coisa que eu iria querer é uma multidão
parando o trânsito e atrapalhando a minha remoção. Em um acidente, cada
minuto sem primeiros socorros diminui a chance de sobrevivência ou
recuperação do acidentado. Não é a toa que muitas vezes o Águia da PM é
obrigado a pousar no meio da Marginal para remover alguém.
E o que é pior: muitos estavam conversando, tirando fotos no celular,
rindo. Do que isso adianta pro colega caído? Do que isso adianta para a
cidade inteira?
A mesma coisa acontece quando uma ambulância precisa passar pela
Marginal. Alguns motoqueiros ficam nervosos, já que a moto é bem mais
ágil que a ambulância, e começam a cortar pelas faixas da direita. E
daí? Simples. O trânsito que eles causam bloqueando os corredores da
direita, é justamente o espaço que os motoristas usam para permitirem a
passagem da ambulância. Aliás, essa mesma ambulância pode estar indo
socorrer um colega caído.
Muitas pessoas dizem que isso é falta de educação, mas elas estão
enganadas. Em ambas as cenas, você encontra de CGs caindo aos pedaços a
motos importadas, de trabalhadores sofridos a executivos. Isso não é uma
questão de educação, é uma questão de bom senso. É parar 5 minutos para
pensar nos outros, ao invés de só pensar em você ou no oba-oba ao seu
redor.
Talvez ninguém leia esse texto, talvez ninguém se importe. Mas se pelo
menos um colega motoqueiro ler isso, ou mostrar para alguém que age
dessa forma, e essa única pessoa mudar seu jeito de agir, eu já vou me
sentir realizado. Eu realmente acredito que as coisas só vão melhorar no
Brasil, quando as pessoas começarem a melhorar o seu jeito de ser
também.
2 de maio de 2012
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