Esse fim de semana rolou um vídeo de um ladrão de moto que se deu mal.
Mesmo sabendo que o ladrão se daria mal, fiquei muito nervoso na parte onde o sujeito desce da moto enfiando a arma na cara do cidadão. Não tem jeito, você se coloca no lugar dele.
Cheguei a ler um texto (mal escrito pra caralho por sinal) todo meloso, que colocava o ladrão agindo sozinho e por impulso, como se fosse um sofredor revoltado com sua condição social, como se não pudesse fazer nada para mudá-la, uma pobre vítima das circunstâncias.
Pois é esse texto mostra bem como o ladrão é fantasiado de vítima nestes discursos, como os fatos são distorcidos.
Além do tradicional apelo ao coitadismo, o autor não levou em conta diversos fatores, tais como:
* Existe uma puta duma máfia de roubo de motos. Se alguém tem duvida, vá a até a região da General Osório:
- Peça irmão? É peça irmão?
E esse é só um exemplo do destino que uma moto roubada tem.
Nessas caixas podem estar não apenas peças, carnês, horas extras, mas vidas, viúvas, órfãos, mães enterrando filhos...
Foto de: http://www.petrolandiape.com
* Ladrão de moto não age por impulso, ele sabe o que e pra onde está levando.* O sujeito portava uma arma de fogo, não uma faca, como ilustrado na historinha do "Diego Sucrilheiro".
* O sujeito não agiu sozinho.
* O sujeito tinha tanta certeza da impunidade, que nem mesmo se preocupou em esconder a cara. Nenhum dos dois. Aliás, será que o negócio não era exatamente esse? Aparecer para os demais? O autor do texto falacioso não sabe que na quebrada dele, o ladrão ostenta o que faz? Que levar uma Hornet de um playboy dá moral pro ladrão? Que é motivo de ostentação? Talvez ele não conheça a coisa de perto. Ou talvez ignore os fatos.
* Era o policial em desvantagem naquela situação, sozinho contra dois marginais com armas de fogo. Não houve uma execução. O ladrão nem mesmo morreu.
Mas o fino da bosta vem agora:
No textinho apelativo, o ladrão é pintado como uma pessoa de vida sofrida, enquanto o dono da moto é pintado como um sujeito que teve uma vida legal. Ressaltando a diferença social como se fosse esse o motivo do crime.
Pra começar, não é bem assim que a coisa funciona, não é pelo fato de uma pessoa ter uma moto, mesmo que cara, que ela veio fácil. Eu mesmo fiz muitas horas extras e guardei dinheiro durante anos pra dar entrada na minha e só terminarei de pagar alguns meses após o apocalipse. E olha que nem é grande coisa. Mas a minha ainda é a história feliz, pois muita gente amarga dívidas de motos que foram roubadas, provavelmente você conhece um caso assim. Provavelmente a história do sujeito do vídeo não se tornou essa por pouco.
Mas vamos supor que sim, que o sujeito conseguiu fácil aquela moto. Que ganhou do pai. E daí?
Justifica enfiar uma arma na cara dele?
E se ele hesitasse ao entregar o bem, justificaria o tiro?
O fato de umas pessoas terem mais bens, facilidades e conforto dá direito ao que tem menos roubar?
E de matar?
Existe uma filosofia neste país, muito difundida pelo pessoal que levanta bandeirinha vermelha, repete meia dúzia de merda que nem mesmo sabe o que é, não faz nada para ajudar a sociedade e ainda acha que entende alguma coisa da vida, gente tão hipócrita quanto cristão que não pratica o amor ao próximo, gente com uma filosofia "anti qualquer um que tenha alguma coisa", como se fosse pecado conquistar algo, como se o correto fosse ser um fracassado invejoso.
O legal é odiar a classe média, né não marilena?
Não tenho confirmação deste valor, mas essa galera que critica tanto a classe média não é nem de longe pobre.
Quando eu era moleque, também tinha um certo preconceito contra pessoas "bem de vida", achava que algum trambique aquelas pessoas haviam feito, eu só conhecia a minha versão das coisas, do moleque pobre de família problemática, largado, que fazia o trabalho escolar dos outros na escola pública em troca de material didático, mas peraí, eu não me tornei ladrão, deve haver algo errado comigo então. E ainda assisti alguns conhecidos em situação melhor que a minha puxando cana cedo. Que coisa, não?
Passou o tempo e comecei a conviver com pessoas diferentes e ver que as coisas não caíram do céu pra elas, que algumas tinham dois empregos, comecei a ver pessoas que estudaram comigo se dando bem na vida, conheci imigrantes que chegaram aqui com a roupa do corpo e venceram.
Sim, eu já fui um fracassado cheio de desculpas no bolso para justificar minha derrota. Hoje sou muito mais do que esperava ser e não sou 10% do que gostaria, mas tenho culhão pra admitir meus próprios erros e buscar mudança.
É isso que diferencia homens de moleques.
Essa política coitadística só trás benefício pro governo, que usa de uma ideologia arcaica, pregando a igualdade, mas se colocando como elite. Assim fica fácil né campeão!
Se você é um dos que concordam com a Dona Marilena, com o Quinteiro, ou qualquer um desinformado (ou não) desses que estufam o peito pra falar merda, faz um favor pra nós dois:
O autor destas palavras não gosta de vermelho nem pra se vestir.
Não sei se a frase é dele mesmo, mas com certeza é uma boa frase.
Não é a pobreza que faz um ladrão, pois pobre acorda cedo e pega no batente, ele sabe que precisa trabalhar para conquistar algo. É mais fácil nascer um ladrão de um menino mimado que de um menino que aprendeu desde cedo que precisa correr atrás dos seus sonhos.O discurso "vitimizador" dessas pessoas é uma ofensa aos pobres que batalham e buscam crescimento pessoal, tanto quando é uma ofensa a aqueles que estendem a mão aos necessitados, independente de credo, posicionamento político, orientação, ou qualquer outra coisa.
A pobreza não faz ladrões, pode contribuir sim, mas por si só não faz, caso contrário só existiriam criminosos de origem pobre e quanto mais miserável, mais cruel seria.
Não é uma questão de classe social, é uma questão de caráter e educação, daquela que vem dos pais, mas principalmente de caráter.
O resto é DESCULPA.
Disse bem, Leão.
ResponderExcluirDisse muito bem.
Um abraço,
Jeff
Tomei conhecimento deste post através de um post lá no Old Dog. Cara gostei muito do que li aqui e concordo. também tenho história parecida...nem por isso virei "mano". Estudei fui trabalhar ir a luta..
ResponderExcluirLadrão hoje não rouba porque tá passando fome. Rouba porque quer o Nike "da hora", quer roupinhas "muito loucas" as camisas de "surfi".... quer ostentar e pagar de bonzão pra "comunidade"! vão se foder raça de merda!
Também concordo com o lance Vermelho....pra mim é um bando de intelectualoides classe média alta que ficam glamourizando a pobreza o bandido,,,na maioria das vezes nem sabe o que é uma periferia...mas isso é conversa para horas e horas....
Parabéns pelo texto